Resenha: Menina Veneno, de Carina Rissi

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Olá, corujas!

Menina Veneno, releitura moderna de Branca de Neve, foi publicado inicialmente como um conto em 2008 (essa parte eu acabei de descobrir) em O Livro dos Vilões, onde Carina é co-autora. Agora a história de Malvina Neves está de volta com novas cenas e novos personagens. Menina Veneno é ao mesmo tempo idêntico e totalmente oposto ao clássico a que estamos acostumados, todos os elementos fundamentais estão lá, o espelho, a obsessão em ser a mais bela, a maçã, os sete anões, a tentativa de assassinato... tudo isso totalmente reformulado e contemporâneo de um jeito que você não esperava. 

Resultado de imagem para menina veneno carina rissiNome: Menina Veneno
Autora: Carina Rissi 
Número de Páginas: 192 
Editora: Record 
Estrelas: ★ 
Sinopse: Contada sob a perspectiva ferina e cheia de humor ácido de Malvina, a madrasta, essa história vai te surpreender. Da mesma autora da série best-seller Perdida. Você conhece a história de uma certa princesa que sofreu inúmeras tentativas de assassinato por sua madrasta, uma delas com uma maçã envenenada. O bem contra o mal, a indefesa donzela ameaçada pela perversa Rainha... É bonito, não é mesmo? Francamente, me embrulha o estômago só de falar dessa história da carochinha. Eu não sou uma bruxa, não sou má e eu nunca planejei matar ninguém. Por anos, fui a maior modelo do planeta, o nome mais poderoso do mundo da moda... Até o dia em que a insossa da minha enteada, Bianca, roubou a minha maior campanha. Dá pra acreditar? Bianca é tão sonsa... e tem esse arzinho azedo e avoado que me dá vontade de voar no pescoço dela... Eu sei, parece mesmo que eu fiz tudo o que a imprensa me acusa de ter feito. Mas não foi bem assim. Senta aqui e me ouça até o fim. Depois me diga se acha mesmo que mereço o título de Rainha Má... Talvez só Rainha seja muito melhor.

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Malvina Neves é uma super topmodel, a rainha da moda, a mulher mais linda e sexy do mundo. Sua vida perfeita e sua carreira brilhante são ameaçadas por sua insossa enteada, Bianca Neves, quando a menina acaba conseguindo roubar o melhor contrato de Malvina, a campanha de Menina Veneno. Inconformada, Malvina decide dar um jeito de tirar Bianca do caminho. Calma lá! Ela não pretende matar a menina mas seus planos acabam saindo errado, o que dá a Bianca o papel de vítima indefesa e  rende a Malvina o título de Rainha Má.

Gente, a marca Nina Ricci tem um perfume chamado Menina Veneno? 😂 Porque quando eu descobri que Menina Veneno era uma campanha deduzi na hora que era um perfume e eu imagino o frasco em forma de maçã. Associei a marca na hora.

A Malvina é arrogante e prepotente na maior parte do tempo, foi difícil eu me apegar a personagem. Para mim o livro só ficou bom depois da metade, quando os traços de Branca de Neve ficam mais fortes na história e o leitor finalmente conhece a verdadeira Malvina. É só quando a autora traz todo o passado da personagem à tona que o livro fica interessante, é aí que a genialidade de Carina Rissi brilha e a coisa flui. O final não foi como eu esperava e acho que uma continuação cairia super bem.

A vida raramente oferece uma segunda chance, então faça bem feito na primeira vez. Esse sempre foi o meu lema.   Pág. 25

Eu estou louca para contar para vocês as semelhanças e as mudanças do clássico para Menina Veneno, mas vou me segurar. Leiam porque é muito legal. A personagem parece fútil, soberba, convencida mas depois que a história dela é revelada tudo faz sentido.

Acho que a Malvina foi o personagem mais real que eu já vi a Carina escrever, talvez tenha algo a ver com o passado da personagem. A Carina é gente como a gente, sabe? Os personagens da autora são "palpáveis", não são como aqueles personagens que vivem coisas que a gente nunca vai viver, que tem uns costumes estranhos, sentimentos complexos demais, padrões inalcançáveis. A gente consegue se ver no personagem, consegue imaginar perfeitamente as coisas, inúmeras vezes enquanto lia Menina Veneno eu pensava: "Puxa, já fiz isso!", "Que maneiro, isso já aconteceu comigo!" ou "Sei exatamente como é.". A personagem está falando e eu sinto como se aquela fala pudesse ser a de uma pessoa do meu lado. Eu gosto disso nos livros.

Aí vai mais uma dica: você é o único responsável pela vida que leva. Somos nós quem criamos nossas oportunidades. E para ter sucesso, é preciso estar consciente que cada um de nós é o único culpado por tudo de bom ou de ruim que nos acontece.   Pág. 89

Acabei por gostar da história mas tenho que dizer que esse livro começou a me decepcionar quando eu desembrulhei ele. Gente, todos os livros da Carina tem cerca de 400 páginas, são bem grossos, aí me vem Menina Veneno com 200 páginas, fiquei querendo saber cadê o restante do livro. Durante a maior parte do tempo eu achei poucas referências a Branca de Neve no livro mas então depois da metade as coisas começaram a acontecer igualzinho no conto de fadas (amém, né). Outra coisa é que o começo do livro é um pouco confuso, eu demorei para entender aquela narração e como era a personagem nessa versão. Tem uma parte que ela diz que o Henrique, o falecido marido, deu para ela o que ela mais queria, um sobrenome. Eu achei confuso e entendi isso como fama no começo, depois descobri que ela foi achada quando bebê e só tinha o primeiro nome, que foi um juiz que escolheu. Descobri isso lá pro meio do livro, ou seja, só no meio da história a informação do começo fez sentido. Tipo... ajuda, Carina, a gente fica perdido! E caso você também se sinta meio confuso com a narração, ela está contando a história para alguém no livro (não sabia se a Malvina se referia a alguém dentro ou fora do livro).

A edição é muito bonita, a capa é linda, o início dos capítulos tem tipo uns recortes de jornal cheios de detalhes. Só tenho preconceito porque o livro é pequeno, do tamanho de A Seleção e Percy Jackson e os Olimpianos. E além de pequeno é fino. EU ESTOU INCONFORMADA. Mas a história é legal.

Você quer esquecer quem você é, mas, para a maioria das pessoas, isso é pior que a morte. Esquecer o que viveu, quem conheceu, as experiências que compartilhou. Por mais dolorosas que sejam, são essas lembranças que fazem alguém ser o que é. Esquecer tudo é como perder a alma. Foi assim que você acabou perdendo a sua.   Pág. 174

Ah só vou contar isso, porque talvez vocês não saibam e eu preciso compartilhar. Nessa versão de Branca de Neve, o espelho mágico é um aplicativo. E ele existe mesmo, é uma máscara criada usando a proporção áurea - um número que se repete em tudo na natureza, seria o número utilizado por Deus para criar a humanidade, ele veio da Sequência Fibonacci,  o número é 1,6180. A máscara mede a sua porcentagem de perfeição, o nome é Máscara Phi. Uma vez eu vi que o rosto com maior percentual era o da ex-mulher do Johnny Depp, Amber Heard. Não sei se é verídico.

Mas o tempo não volta, assim como nossas atitudes, e tudo que se pode fazer é aprender a conviver com nossas escolhas.   Pág. 186

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