Resenha: Desventuras Em Série - O Fim, de Lemony Snicket

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Olá, corujas!

Aqui estamos nós na última desventura dos órfãos Baudelaire para finalmente conhecer o desfecho do Conde Olaf e dos irmãos Baudelaire. Um facilitador suspeito, um livro intitulado Desventuras em Série, ovelhas selvagens, um motim iminente, e muitos segredos aguardam nessa última desventura. Devo dizer que O Fim foi diferente do que eu esperava e imaginava. Vocês acreditariam se eu dissesse que senti compaixão por Olaf? Pois é! Calma que eu vou explicar tudo, vamos à resenha.

Nome: Desventuras Em Série - O Fim (#13)
Autor: Lemony Snicket
Número de Páginas: 312
Editora: Seguinte
Estrelas: 
Compre: Amazon
Sinopse: 'O Fim', o tão esperado 13º volume que encerra a longa narrativa da terrível saga dos órfãos Sunny, Klaus e Violet. Mesmo que a vida dos três oferecesse mistério e martírio suficientes para preencher milhares de páginas, Lemony Snicket garante ter chegado à reta final da solene tarefa que lhe ocupou tantos anos de vida. Mas, como sempre, vale o alerta: aqueles que encontram prazer e alegria em outras coisas, que passem ao largo deste livro - pois é bem possível que O fim acabe com a vida do leitor mais suscetível. Mesmo quem enfrentou corajosamente os doze volumes anteriores não irá suportar tanta desgraça, como uma tempestade bravia, uma bebida suspeita, um bando de ovelhas selvagens, uma gaiola de passarinho gigante e ornamentada, e um segredo de fato assustador sobre os pais dos Baudelaire.

● ● 

Em um barco, no meio do nada, sem água, sem comida e tendo por companhia o homem responsável por todas as desventuras de suas vidas. Essa é a situação em que os Baudelaire se encontram, perdidos e desolados. Quando os Baudelaire parecem começar a ser contaminados pela perfídia de Olaf, uma terrível tempestade os atinge. Violet, Klaus, Sunny e Olaf vão parar, junto com os mais diversos tipos de objetos, nas areias de uma misteriosa ilha. Lá o grupo é encontrado por Sexta-Feira, uma garota um pouco mais nova que Violet e que mora na ilha, quando Olaf a ameaça com o arpão ela o considera indelicado e o manda partir, levando apenas os Baudelaire até a colônia. Os irmãos se perguntam se, pela primeira vez em suas vidas, eles encontraram um lugar a salvo das perfídias do mundo. 

Enquanto os leva para conhecer o facilitador (uma espécie de líder) da ilha, Sexta-Feira os informa sobre alguns costumes da colônia: todos moram em tendas, não há água para beber, apenas cordial de coco, uma bebida de sabor pungente, e após toda tempestade os habitantes da colônia saem para recolher os despojos que aparecem na plataforma costeira. Os Baudelaire logo descobrem que entre os costumes peculiares está o uso de túnicas brancas por todos e que os despojos são apresentados ao facilitador, que envia a maioria dos objetos, mesmo que tenham alguma utilidade, para o outro lado da ilha, um lugar onde ninguém deve ir. Ishmael, o facilitador da ilha, é um homem que desperta desconfianças nos irmãos, embora segredos não sejam bem-vindos entre os pacíficos habitantes da ilha, o facilitador parece esconder vários. Quando os irmãos começam a fazer muitas perguntar e incitar muitas ideias Ishmael os aconselha a “não balançar o barco”- expressão que aqui significa não querer mudar os costumes. Porém, isso soa menos como um conselho e mais como uma ameaça. 

No final, tudo acaba dando nas areias da ilha. É o que todos os habitantes vivem repetindo e os Baudelaire descobrirão que essa frase faz todo o sentido já que aquela ilha já havia cruzado a vida deles sem eles nem saberem. Foi bem ali, naquela mesma ilha, que a história deles começou. 

Para Beatrice – 
Meu amor apareceu 
o mundo empesaledeceu 

Já vou começar sendo sincera: não, você não terá todas as suas perguntas respondidas. Por exemplo, no último segundo Olaf solta uma pérola sobre o incêndio da mansão Baudelaire que eu fiquei: UÉ! O livro traz descobertas cruciais, mas longe de sanar todas as dúvidas. Mas calma lá, se você chegou até aqui, não desanime agora, até que vale a pena. Vamos do começo.
“De vez em quando”, disse sexta-feira com um pequeno encolher de ombros. "Parece que tudo acaba vindo dar nas nossas praias.” Pág 42 
Quando os irmãos se veem perdidos no meio do mar junto com Olaf, sem comida ou água, o desespero é tão grande que ideias pérfidas começam a povoar suas mentes, e aqui estamos de volta à ideia de que todos temos o bem e o mal dentro de nós. Quando os irmãos recebem a oportunidade de viver naquela ilha pacata e abandonar todo o mundo exterior eles acham que essa pode a oportunidade perfeita. Porém, há um preço, os Baudelaire devem abandonar quem eles são de verdade, abandonar aquilo que cada um ama fazer - inventar, pesquisar e cozinhar - eles precisam esquecer a essência deles para não balançar o barco. Por um tempo eles tentam, então eles descobrem que, na verdade, isso é impossível, não é o que os pais iriam querer. E foi quando as coisas fluíram, quando eles foram eles mesmo. Se isso não é uma lição eu já não sei de nada. 
“É claro que estou tentando enganá-los!”, exclamou Olaf. “Assim é o mundo, jovens Baudelaire. Todos correm de um lado para o outro, cada qual com seus segredos e esquemas, um tentando ser mais esperto que o outro. [...]”  Pág 136 
Gostaria de ter revisto alguns outros personagens para saber o desfecho deles. Entretanto, gostei do final do livro, fiquei muito surpresa e emocionada. Nós conhecemos um pouco da história de Olaf e apesar do que Kit disse... 
“Você é um homem mau”, disse Kit. “Você acha que uma boa ação vai me fazer perdoá-lo pelas suas falhas? ”
“Eu não me desculpei”, disse ele, olhando primeiro para a mulher grávida e depois para os Baudelaire. Pág 277 - 278 
... eu consegui sentir pena de Olaf. Uma vida difícil não é desculpa para se tornar uma pessoa ruim, mas com amor tudo é mais fácil. Ah! O livro tem uma referência gritante a Bíblia, quando a serpente convence Eva a comer do fruto proibido, por sinal, essa cena do livro estampa o box. E fiquem atentos que o narrador aparece no mesmo lugar que os Baudelaire, finalmente descobrimos o paradeiro de Lemony Snicket. 
"Então talvez eu simplesmente fique por aqui”, roufenhou ele. “Já perdi demais para continuar – meus pais, meu verdadeiro amor, meus comparsas, uma quantidade enorme de dinheiro que não ganhei, e até o barco com o meu nome. ” Pág 275 
A história termina com o desfecho da história dos Baudelaire e parece que o livro acabou mesmo, entretanto depois tem um último capítulo que o autor coloca como se fosse um livro novo, mas é uma espécie de epílogo, ele conta como decorreu o próximo ano da vida dos irmãos. Achei a ideia muito legal e me deu muita paz interior aquele capítulo, gente 😂 
A menina, batizada com o nome da mãe dos Baudelaire, gritou e gritou, e, ao começarem as suas desventuras em série, termina esta história dos órfãos Baudelaire. Pág 282 
Para mim, o último livro foi o melhor. Ficaram alguns furos, mas quando foi finalizando eu fui invadida por uma imensa paz... uma sensação de que não estava acabado, mas tudo ia correr bem, eles iam ter um futuro porque, além de um ao outro, eles tinham mais alguém agora (que vou deixar para vocês descobrirem quem, lendo) e, depois de tudo, isso bastava. 
Não se pode ficar sentado para sempre resolvendo os mistérios da própria história e, não importa quanto se lê, a história inteira jamais poderá ser contada. Mas era o suficiente. Pág 283 
Desventuras em Série é uma crítica a sociedade, são pequenas lições, é a prova de que tudo pode estar destruído, mas você pode contar e se apoiar na família. Em Desventuras em Série aprendemos que pela vida a gente vai encontrar pessoas muito ruins, mas também encontraremos bons amigos, mesmo que depois eles partam. 
A história inteira daqueles olhos, ao que tudo indica, pode ser sempre escondida das crianças, mantida nas trevas junto com todos os outros olhos que vigiam todos os outros órfãos, todos os dias e todas as noites.  Pág 278

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