Olá, corujas!

Todo mundo sabe que eu adoro ler livros que emocionam e que nos fazem pensar. Depois de ler Por lugares Incríveis que me fez até chorar já parti para outra leitura impactante: Garotas de Vidro. É o primeiro livro que eu leio sobre transtornos alimentares e já adianto que é uma leitura impactante. Muito bem escrito e elaborado. Vi a indicação no canal da Paola Aleksandra e há tempos queria ler.

Nome: Garotas de Vidro
Autora: Laurie Halse Anderson
Número de Páginas: 272

Editora: Novo Conceito

Estrelas: ★★★★★ + ♥
Sinopse: Lia está doente e sua obsessão pela magreza a deixa cada vez mais confusa entre a realidade e a mentira. Mas ela perde totalmente o controle quando recebe a notícia de que sua melhor amiga, Cassie, morreu sozinha em um quarto de motel. E o pior: Cassie ligou para Lia 33 vezes antes de morrer. O que começou como uma aposta entre duas amigas para ver quem ficaria mais magra tornou-se o maior pesadelo de duas adolescentes reféns de seus próprios corpos. Ao negar seu problema, Lia impõe a si mesma um regime cruel em que contar calorias não é o bastante. Ao omitir seu desespero, apela ao autoflagelo numa tentativa premeditada de aliviar seus tormentos. Seus pais e sua madrasta tentam ajudá-la a qualquer custo, mas nem mesmo sua doce irmã, Emma, consegue fazer com que Lia pare de se destruir. Agora, Lia precisa encontrar um modo de lidar com todos os seus fantasmas, e a morte de Cassie é um deles. Garotas de Vidro é uma história intoxicante sobre a autorrepugnância e a busca pela identidade. Neste livro, Laurie Halse Anderson aborda de modo realista a dolorosa condição de jovens que sofrem de transtornos alimentares e sua complicada relação com o espelho e consigo mesmos.

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Tudo começou com aposta idiota. Lia apostou com sua amiga Cassie que seria a mais magra de toda a turma, mais magra até que Cassie. Lia não conseguia ser a mais popular, a mais bonita, a mais estudiosa. Mas conseguiria ser a mais magra. Essa aposta aparentemente infantil se torna um pesadelo a vida das duas garotas. Se torna uma doença. Anos se passam com as duas em busca da "magreza". Mas elas acabam se afastando e meses depois Lia recebe a notícia de a amiga, Cassie foi encontrada em um quarto de motel morta. Encontrada morta em um quarto de motel, só.

A notícia abala ainda mais a mente confusa de Lia. A amiga havia ligado 33 vezes para Lia e ela não havia atendido. Lia é estúpida, burra, feia, gorda. A amiga pediu ajuda e ela recusou. Agora estava morta. Lia ainda quer se torna mais e mais magra. 42kg, 40kg, 30kg, 0 kg. Ela conta as calorias de todos as alimentos que consome, a maioria obrigada pois tem que se pesar toda terça-feira para mostrar está saudável. 

O mais interessante do livro é que autora não descreve como tudo isso acontece. Ela mostra a intensidade do sofrimento de Lia e nos faz entrar na mente conturbada de Lia. Ela sente o cheiro da comida, mas não pode comer. Porque o vazio é ser forte. Porque ela gorda, feia, estúpida. O jeito que Lia arranja de lidar com a própria mente é vendo fantasmas. Ela começa a ver Cassie em todos os lugares, assombrando-a. 

Além da anorexia e bulimia o livro trata de automutilação, drogas, solidão. A cabeça de Lia é uma confusão total que deixa sufocada e ainda mais ansiosa pelo final do livro. O fim de Lia seria o mesmo de Cassie? Só, em um quarto de motel? Ela vai se recuperar? Seus fantasmas continuaram a assombrando-a?

Toda a descrição do livro é real, dolorosa. Apesar de haver características apenas da Lia, como ver a amiga Cassie podemos ver qual é a realidade de milhares de jovens ao redor do mundo. Lia frequentemente visita blogs secretos de pessoas com esses distúrbios onde há texto de diversos jovens com a mesma doença procurando "ser forte" para não se manter "magro".

Se você sofre, ou já sofreu, de algum distúrbio alimentar ou psicológico não leia esse livro pois pode se torna um gatilho mental. Já você que quer entender o que se passa na mente de uma pessoa assim, leia. Ela não para de comer porque quer, ela para de comer porque está doente. O livro ainda mostra que é muito difícil tratar uma pessoa que não quer ser tratada. Como alimentar uma pessoa que está presa a uma paronoia de sou gorda-feia-estúpida? Mas ao mesmo tempo se não ajudarmos essa pessoa ela se matará em sua doença.